quarta-feira, 14 de maio de 2014

Comecei a lê-lo, pai

O livro é muito bom, é uma obra prima, disseste.
Apesar de, por vezes, ser monótono, consegues ver e apreciar como foi tão bem escrito, disseste.

Quero acreditar que só se cita a frase com que o livro começa e não com que acaba porque contaria muito mais do que o leitor quereria saber no momento

Então deu outro salto para antecipar às prediçoes e ver a data e as circunstâncias da sua morte. No entanto, antes de chegar ao verso final, já tinha percebido que não sairia nunca desse quarto, pois estava previsto que a cidade dos espelhos (ou das miragens) seria arrasada pelo vento e desterrada da memória dos homens no momento em que Aureliano Babilonia acabasse de decifrar os pergaminhos, e que tudo o que neles estava escrito era irrepetível desde sempre e para sempre, porque as estirpes condenadas a cem anos de solidão não tinham uma segunda oportunidade sobre a Terra.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Um dia escrevi-te uma carta. Fiz-te nela uma promessa. Entretanto, perguntei-me como pude ter sido tão ingénua e como pude ter escrito aquilo. Hoje, hoje só quero poder cumprir essa promessa porque és meu pai e porque não temos culpa que as doenças escolham aqueles que não as merecem.
A coisa mais difícil do mundo deve ser esperar pelos momentos de lucidez de alguém a quem temos tanto para dizer.
Agora, agora que estou tão parecida a ti. 
A casa encheu-se de amor. Aureliano exprimiu-o em versos que não tinham princípio nem fim. Escrevia-os nos ásperos pergaminhos que Melquíades lhe oferecia, nas paredes da casa de banho, na pele dos braços, e em todos Remedios aparecia transfigurada: Remedios no ar modorrento das duas da tarde, Remedios na transpiração calada das rosas, Remedios na clepsidra secreta das traças, Remedios no cheiro do pão ao amanhecer, Remedios em todos os lugares e Remedios para sempre.

Gabriel García Márquez - Cem anos de solidão

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Livros

Adoro quando há uma personagem com o meu nome. E adoro quando adoro essa personagem.

Pai

É tão, tão bom ter alguém com quem posso discutir os livros que já li, quero ler ou que tenho de ler. E saber que quase todos os que quero ler tenho em casa e que já foram todos lidos por ti.

Se tivesse especificado não poderia ter sido melhor

No outro dia telefonei ao meu pai e pedi-lhe, simplesmente, para me trazer livros. Não especifiquei quanto a escritores ou géneros, muito menos lhe pedi um livro em particular. 
Trouxe-me Humilhados e Ofendidos - Dostoievski, Cem Anos de Solidão - Gabriel García Márquez e O Prémio - Irving Wallace.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Nunca sei o que escrever nos primeiros posts

Mas acho que isto chega, por agora.