sexta-feira, 9 de maio de 2014

A casa encheu-se de amor. Aureliano exprimiu-o em versos que não tinham princípio nem fim. Escrevia-os nos ásperos pergaminhos que Melquíades lhe oferecia, nas paredes da casa de banho, na pele dos braços, e em todos Remedios aparecia transfigurada: Remedios no ar modorrento das duas da tarde, Remedios na transpiração calada das rosas, Remedios na clepsidra secreta das traças, Remedios no cheiro do pão ao amanhecer, Remedios em todos os lugares e Remedios para sempre.

Gabriel García Márquez - Cem anos de solidão